Viva a Grande Greve dos operários da Construção de Belo Horizonte!

Trecho do Jornal Especial do Dia do Trabalhador da Construção de BH

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A Grande Greve dos Operários da Construção de Belo Horizonte em 1979, que completa 43 anos neste 30 de julho, é um marco na história do STICBH/MARRETA e do movimento sindical classista em nosso país.
Grave crise
Assim como ocorre hoje, em 1979 o país atravessava por uma profunda crise. Os trabalhadores enfrentavam o desemprego, arrocho salarial e a carestia de vida. O regime militar-fascista, imposto através de um golpe arquitetado e patrocinado pelo imperialismo ianque (Estados Unidos) em 1964 reprimia brutalmente as massas em luta. O movimento sindical e operário mais combativo lutava em duras condições, não existia direito de greve ou manifestação. Os dirigentes e ativistas mais combativos lutavam na clandestinidade.
Onda de revoltas
No ano de 1978, na região do ABC paulista, estourou uma massiva e combativa greve de operários que atiçou pra a luta milhões de trabalhadores em todo o país.
Em Contagem, os operários metalúrgicos da Mannesman se levantaram em uma vitoriosa greve. Ocuparam a siderúrgica por 13 dias, sob a direção classista e combativa, do companheiro Albenzio (Boné) arrancando 10% de reajuste, erguendo bem alto a bandeira da derrubada do regime militar-fascista. Nela, forjou-se a direção que deu origem ao Grupo Marreta, composto dos operários mais conscientes da classe, organizados de forma clandestina.
O Grupo Marreta na Construção Civil se forjou no fogo da luta de nossa histórica greve de 1979, se opondo ao peleguismo do interventor Francisco Pizarro, lutando por melhores condições e contra o regime militar-fascista no Sindicato.
Nos meses que antecederam a greve na construção, outras categorias como os comerciários, professores e trabalhadores rodoviários também deflagraram greves em Belo Horizonte.
Os operários da construção exigiam: “Salário de CR$ 5.000,00 para serventes, CR$ 8.000,00 para oficiais, CR$ 12.000,00 para encarregados e CR$ 20.000,00 para mestres-de-obras. Registro em carteira de trabalho. Proibição da redução salarial na troca de emprego. Aviso prévio de 30 dias, independentemente da forma de pagamento (se semanal, quinzenal ou mensal).”
Ela foi marcada por grandes protestos nas ruas e verdadeiros bailes dos operários nas forças de repressão, que rodava a cidade feito barata tonta.
Explode a greve
No dia 30 de julho, um combativo protesto tomou as ruas da cidade. O comércio baixou as portas. A população saudava a grande manifestação jogando papel picado das janelas dos prédios, os carros buzinavam. Belo Horizonte parou diante da organização e combatividade dos pedreiros, serventes, armadores, carpinteiros, e demais operários da construção civil.
O antigo campo do Atlético MG, onde hoje fica o Shopping Diamond Mall, estava com os portões fechados. Isso não foi problema. As grades foram arrancadas e usadas como escudo e espada para rechaçar as tropas da repressão.
O companheiro Orocílio Martins Gonçalves (foto ao lado), tratorista de 24 anos, foi covardemente assassinado por um tiro no peito, disparado pela polícia de Francelino Pereira (então governador), na tentativa de intimidar a categoria. Mas o resultado foi o oposto. A categoria se ergueu em fúria e respondeu com paus, pedras e o que mais estivesse ao alcance rechaçando as forças de repressão. A cidade virou uma praça de guerra e eram os operários que davam as ordens. Nas assembleias, os operários desmascararam os pelegos e fizeram valer a sua palavra e decisão.
Pelego-mor Lula tenta acabar com a greve
Desesperados, governo, patrões e pelegos acionaram o pelego-mor Luiz Inácio da Silva (Lula) para “controlar a massa enfurecida”. Mas nem a repressão e nem a ação dos pelegos foi capaz de derrotar a greve. Com o apoio do Grupo Marreta, dos companheiros metalúrgicos da Mannesman, professores e rodoviários, os trabalhadores da construção civil fizeram o Tribunal Regional do Trabalho a reconhecer a legalidade da greve. Foi uma grande demonstração de força e vitória da luta da classe!
MARRETA neles!
A greve durou cinco dias de 30/07 a 03/08. Todas as obras pararam!
A luta dos operários fez ecoar pelas ruas da cidade as palavras de ordem: “QUEREMOS SALÁRIO PARA ACABAR COM A FOME”, “INTERVENÇÃO DA POLÍCIA MATA TRABALHADOR”, palavras de ordem como “NÓS CONSTROI, NÓS DISTROI!” e “ABAIXO A DITADURA!” e “SE O SALÁRIO NÃO SUBIR NINGUÉM VAI CONSTRUIR!”.
Essas batalhas forjaram a direção classista que, em meio a lutas, fracassos e vitórias, construiu a linha classista e combativa que veio a fundar a Liga Operária, o MARRETA e outras organizações classistas, democráticas e revolucionárias em Belo Horizonte e em todo o país, no campo e cidade, na luta por uma verdadeira e Nova Democracia.
Classismo versus conciliação de classes
Nas grandes lutas do ABC paulista, maior centro industrial do país, as massas deram grandes demonstrações de combatividade e decisão. Assim como os operários de Belo Horizonte, porém a massa foi traída pelo oportunismo eleitoreiro. A traição da linha oportunista que se consolidou e cristalizou-se no PT e na CUT principalmente, ao longo de décadas migrou do discurso radical à adulação dos patrões e banqueiros, que cooptou as centrais sindicais e pavimentou o caminho para a imposição da “reforma trabalhista” e outras medidas antioperárias, antipovo e vende-pátria que têm sido aplicadas pelos sucessivos governos de turno.
O caminho classista e combativo

O MARRETA e a Liga Operária seguem lutando para defender e aplicar os princípios da luta classista e combativa sem nunca abandonar as massas, nas vitórias ou nas derrotas, mirando sempre o futuro luminoso da humanidade.
Seguindo dessa forma, mirando o exemplo da Grande Greve dos operários da construção de BH, honrando seu legado, elevando o nome do companheiro Orocílio, para que todos saibam que ele sempre estará presente em nossas lutas!

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