É pau, é pedra. É Marreta!

do edifício em construção,
que sempre dizia sim,
passou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
a que não dava atenção:
notou que sua marmita
era o prato do patrão,
que seu macacão zuarte
era o terno do patrão,
que seus dois pés andarilhos
eram as rodas do patrão,
que sua imensa fadiga
era amiga do patrão.
E o operário disse: não!
e o operário fez-se forte
na sua resolução.
Trecho de O operário em construção, Vinicius de Moraes (poeta, músico e diplomata)

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção de Belo Horizonte, conhecido pelos operários como Marreta, é um dos legítimos herdeiros de quase três décadas de luta sem quartel entre os caminhos do movimento sindical no Brasil.

O sindicato foi fundado em 1933, mas sua história sofreu uma grande viragem no final dos anos 70. Nesse período, ocorreu uma grande onda de greves, especialmente em 1979, quando foram deflagradas as greves dos operários da Volkswagen no ABC paulista, da Mannesman, dos operários da construção e dos professores em Minas Gerais, dentre outras.

A histórica greve dos operários da construção de Belo Horizonte, deflagrada em 1979, ganhou o nome Rebelião dos Pedreiros. Como um turbilhão, a massa operária irrompeu pelas ruas desafiando a ordem do regime militar impostor e pró-ianque, que reprimia a ferro e fogo todo movimento de resistência.

O comércio cerrou suas portas. Em seguida, a cidade parou. Os operários da construção haviam atropelado a direção vacilante do Sindicato, presidido por Francisco Pizarro desde 1965, que pretendia esvaziar o movimento.

No dia 30 de julho de 1979, várias obras foram paralisadas por toda a cidade. Os trabalhadores saíram dos canteiros e concentraram-se na Praça da Estação. A polícia tentou cercar os manifestantes que romperam o cerco partindo em passeata para o antigo campo do Atlético. Um táxi, que tentou abrir caminho entre a multidão, atropelou um operário. O motorista se recusou a socorrer o ferido e o carro foi incendiado no meio da avenida. A greve se radicalizou.

Os assassinos da Polícia Militar investiram contra os manifestantes e tiraram a vida do tratorista Orocílio Martins Gonçalves, que contava então 24 anos de idade.

O antigo campo do Atlético, na avenida Olegário Maciel, foi palco de concorridíssimas assembléias, onde milhares de operários se despertaram para a luta.

A histórica greve dos operários da construção daquele ano assentou os pilares para a construção de um novo movimento sindical na capital mineira. Ela está profundamente marcada na história e na consciência dos trabalhadores da construção de Belo Horizonte.

Marreta: dia e hora

O Sindicato dos Trabalhadores da Construção já não seria mais o mesmo após a greve de 79. A oposição classista buscava se organizar enquanto Pizarro realizava uma série de manobras pra se manter na direção do Sindicato.

Os operários mais conscientes e decididos prosseguiram organizando-se. Em meados dos anos 80, a luta recrudesce no seio da categoria. Os operários remanescentes da greve de 79 assumem a vanguarda das lutas. Nascia o Marreta.


Abaixo: piquete pára a obra do Belvedere

Com a aprovação da nova constituição, a partir do dia 5 e outubro de 1988, o Estado ficava impedido de intervir no movimento sindical. Aproveitando-se deste momento, 200 operários organizados pelo Marreta ocuparam a sede do Sindicato no dia 30 de novembro de 1988. A diretoria pelega foi deposta e Pizarro foi expulso. Uma junta governativa foi composta e as eleições para a diretoria do sindicato foram convocadas. A Marreta compôs uma chapa com 42 membros e conquistou uma vitória esmagadora.

Desde então o Sindicato dos Trabalhadores da Construção de Belo Horizonte passou a ter uma direção classista e combativa.

É greve!

—Assim, as greves ensinam os operários a unirem-se; as greves fazem-nos ver que somente unidos podem aguentar a luta contra os capitalistas; as greves ensinam os operários a pensarem na luta contra toda a classe patronal e contra o governo autocrático e policial. Exatamente por isso, os socialistas chamam as greves de “escola de guerra”, escola em que os operários aprendem a desfechar a guerra contra seus inimigos, pela emancipação de todo o povo e de todos os trabalhadores do jugo do Capital*.

3 de dezembro de 2006. Manhã de domingo.

O salão do Sindicato dos Trabalhadores da Construção começa a ser ocupado pelos operários da categoria, até ficar inteiramente repleto. Um intenso debate precedeu a assembléia marcada para aquele dia. A maioria operária cerrava fileiras na decisão de deflagrar imediatamente greve nos canteiros de obras contra a aviltante proposta patronal (que oferecia o irrisório 3,71% no salário e a substituição da cesta básica por um cartão no valor de R$ 45,00).

À assembléia chegaram operários vindos dos Sindicatos de Trabalhadores da Construção do interior do estado, estudantes, movimento de mulheres, representantes de sindicatos de outras categorias, membros da Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo e a Liga Operária.

A última grande greve dos trabalhadores da construção de Belo Horizonte fora realizada há 11 anos. Várias lutas importantes haviam sido travadas, mas nenhuma que envolvesse toda a categoria. Terminada a assembléia, por unanimidade decidiu-se iniciar os piquetes nos canteiros de obras.

Era preciso parar tudo!

Do salão ecoou o grito contido há mais de uma década:

—É greve ou não é companheiros?!

Punhos erguidos em uníssono responderam:

—É greve!

E muda tudo

—Fazer uma greve não é fácil; é uma guerra, companheiros. Temos de estar unidos, organizados. Os patrões estão unidos, mas eles têm medo da gente. A única língua que eles entendem é da greve! Por isto companheiros, temos de estar conscientes e presentes nas assembleias. Nas paralisações, devemos ouvir os diretores do Sindicato que estiverem nas obras, participar dos piquetes. Quem morar longe e preferir, que durma na sede do Sindicato. Ele é nosso, devemos usá-lo bem. E nada de bebida! Os patrões querem que nos desviemos do nosso propósito. Mas nós vamos até o fim! — foram as palavras iniciais do Osmir Venutto, presidente do Marreta, durante primeira Assembléia.

Sete assembleias no salão da Liga Operária. Mais de 150 operários em cada uma das assembleias, representando os canteiros de obras. Nove dias de greve.

Durante as paralisações, uma mudança operou-se na cidade. O Belvedere, bairro das grandes construtoras e dos arranha-céus de luxo, reduto das coberturas de até 8 milhões de reais, foi ocupado pelos operários. Lá se concentra a maioria das grandes obras. O Belvedere foi o centro e a referência da luta.

Os piquetes são a alma do movimento. Sem eles as obras não param. Eles servem para explicar aos trabalhadores os passos do movimento grevista, afugenta os agentes da patronal e os fura-greves. E os operários da construção pegam cedo no batente. Às 4 horas da manhã, essas brigadas saíam da sede do Sindicato para os canteiros de obra.

A dinâmica da greve é como a de um cabo de guerra: os patrões puxam de um lado, usando sua imprensa decadente, a contrapropaganda para denegrir e ocultar o movimento de massas e toda a sorte de repressão.

—Fui destacado com uma equipe para fazer um piquete na cidade de Nova Lima, na região metropolitana. Partimos logo cedo e chegamos à porta da construção tocada por uma empresa do estado de São Paulo. Começamos a distribuir o boletim do Sindicato no portão da obra. Mais de 600 operários se recusaram a entrar na obra. Então veio o mestre de obras. Dei nele um chega-pra-lá e o pessoal aplaudiu. Explicamos o significado da greve e da importância de todos se manterem solidários à greve. Naquela manhã, ninguém trabalhou. A greve é assim, todo dia cresce um pouco, mas tem seus limites. Nossa luta faz parte de uma luta maior, de todos os trabalhadores. Ganhamos hoje e tentam retirar o que conseguimos amanhã. A luta pelos nossos direitos faz parte de uma luta maior, que é a luta do proletariado pelo poder político. Enquanto não tivermos um governo verdadeiro dos trabalhadores, não teremos direitos de verdade —declarou o operário Cícero de Almeida durante uma assembléia do Sindicato.

Já é hora: às ruas!

A greve ganhou as ruas primeiramente no Belvedere. Após a concentração nos piquetes, foi decidido que todos sairiam em passeata paralisando as obras que ainda estavam em andamento. Começaram com 200, mas o cortejo foi aumentando gradativamente até atingir o número aproximado de 800 operários. A passeata irrompeu pelas principais ruas paralisando todas as obras, fazendo valer a decisão da categoria.

A segunda grande manifestação tomou o centro da cidade. Partiu do Belvedere e tinha como alvo o prédio do Sinduscon, o Sindicato patronal. Munidos de faixas e bandeiras, centenas de operários protestaram contra a ganância patronal e dirigiram-se à Praça 7, no epicentro de Belo Horizonte. As palavras de ordem dos operários podiam ser ouvidas por todos. Encerrada a assembléia, os operários não se dispersaram e se dirigiram à sede do sindicato. Já no encerramento do segundo dia de greve os empresários demonstraram todo o temor e ódio que têm da classe operária. Destacaram um desproporcional aparato policial em que utilizaram dois ônibus, policiais com cães, outros a cavalo, bombas de gás e armas de grosso calibre. A partir de então, a PM foi enviada para todos os piquetes e concentrações de operários.

Uma só vontade

—Temos de parar a ‘Linha Verde’ —era o que se dizia nas rodas operárias.

Linha Verde foi uma grande obra utilizada como propaganda pelo governo do estado durante a campanha eleitoral passada. Sua finalidade era a de criar uma grande via expressa, sem interrupções, ligando o centro da cidade à extremidade leste.

Muitos operários trabalham dia e noite naquelas obras e existe um impasse sobre o caso, porque o Sindicato da Construção Pesada, ligado à CUT, reclama a representação destes trabalhadores. Depois de investigar a situação, o Marreta descobriu que Sindicato da Construção Pesada estava impedido de exercer suas atividades sindicais por determinação do Ministério do Trabalho. E mais: os trabalhadores da construção pesada sequer tinham data base.

O Marreta dirigiu-se aos trabalhadores, em 3 de dezembro de 2006:

—Não existe na prática esta divisão entre trabalhadores da construção pesada e da construção civil. Tudo bem: utilizamos equipamentos diferentes e temos algumas especificidades. Mas em suma, todos somos operários e explorados de igual forma. Somos todos uma só classe!

Resultado: a Linha Verde parou. E o mais importante: a polícia só ficou sabendo quando a greve se consumou.

No momento de fazer o piquete, nem os motoristas dos ônibus sabiam para onde iriam levar os operários. Os diretores do Sindicato fizeram correr o boato que iam para um local determinado, no que a polícia acompanhou e nada encontrou. Nos outros pontos da cidade, os operários receberam o boletim do Marreta e aderiram imediatamente à greve.

De obra em obra, a greve dos trabalhadores da construção chegou até à Universidade Federal de Minas Gerais, onde haviam várias em execução e cerca de 1000 operários em atividade. Uma brigada do Sindicato lançou-se a uma panfletagem que se transformou em uma grande manifestação. Mais de 900 trabalhadores paralisaram o serviço e dirigiram-se à reitoria onde apresentaram uma pauta de reivindicações. A mobilização dos operários da UFMG foi tamanha que eles obtiveram um aumento ainda maior que o restante da categoria.

“Já somos 6 mil!”

Assim dizia o comunicado do Sindicato ao iniciar a segunda semana de greve. A palavra de ordem de ‘parar tudo’ foi adotada por toda a categoria que aderiu maciçamente ao movimento. Com o apoio dos Sindicatos do interior do estado, dos trabalhadores rodoviários e estudantes, bairro por bairro, obra por obra foram parando. As regiões do Belvedere, centro, as obras da Universidade Federal de Minas Gerais, as grandes obras de Avenida Antonio Carlos e a Linha Verde da Avenida Cristiano Machado, aderiram ao movimento! Impossível ocultar a vitória da greve.

O Sindicato dos trabalhadores exigiu uma reunião com o Sinduscon. Os patrões fugiram! Grande erro. A reportagem de AND estava presente no momento em que as delegações de operários vindos dos canteiros de obra paralisados chegaram ao sindicato patronal. Indagamos ao recepcionista o porquê da comissão não haver sido recebida e fomos informados de que o dirigente do Sinduscon, Walter Bernardes havia viajado e não poderia receber a comissão do Sindicato.

Após esta evasiva dos patrões, os trabalhadores dirigiram-se à Liga Operária e decidiram em uma rápida assembléia:

—Vamos aumentar os piquetes! Os patrões já estão morrendo de medo porque a cada dia de greve aumenta o seu prejuízo. Alguns já pediram para negociar. Agora é hora de ampliarmos a nossa organização. A proposta do Sindicato é a de partirmos para o palácio do governo e entregar uma pauta de reivindicações. Amanhã temos uma audiência no Ministério Público do Trabalho onde poderemos obter algum avanço. Mas só conquistaremos uma vitória se nos mantivermos firmes na luta. —disse o orador José Maria, membro da diretoria do Sindicato.

Duzentos operários marcharam em direção ao palácio do governo. A tropa da PM cercou a manifestação nas imediações da Praça da Liberdade, bem perto do Palácio da Liberdade, revelando a discrepância de nomes, já que o povo sequer pode se aproximar do prédio para expor sua forma de pensar.

Aquele que resolve

Revoltada, a massa de operários deixou as imediações da Praça da Liberdade e retornou ao sindicato. A afronta exigia uma resposta imediata.

Na manhã seguinte os trabalhadores aguardavam ansiosos pela posição do sindicato. O advogado do Marreta, Dr. José Julio, que acompanhou cada detalhe do movimento, esclareceu os pontos das reivindicações, destacando que os operários tinham o direito de exigir o pagamento pelos dias em greve, assim como o de receber as cestas básicas. Em seguida, explicou o que seria discutido com o Ministério do Trabalho naquela tarde.

Um operário pediu a palavra:

—Eu sempre imaginei que o Sindicato não resolvia nada. Eu era até contra quando se manifestava uma ação grevista no meu local de trabalho, porque achava que só ia atrapalhar. Hoje sim, eu vi que aqui só tem gente séria! O nosso pessoal nem dorme! Acorda pela madrugada, come quando dá tempo, encara os ‘homem’, e nos explica tudo direitinho. O Sindicato é a coisa mais importante que pode existir; é a força e a vontade de todos nós. Por isso, eu me associei hoje ao Sindicato e vou falar com a turma toda para entrar também. Se não fossem os associados, esta greve ia ser muito difícil. Precisamos de ônibus, de comida e de lugar para fazer as assembléias. Aí está o resultado da nossa contribuição e do nosso trabalho junto com o Sindicato. Nós estamos é de parabéns!

O mais difícil

—Começar uma greve é até relativamente fácil, o mais difícil é terminar uma greve, tornando-a vitoriosa —dis-se o operário José Luis, diretor do Marreta.

No dia 15 de dezembro chovia copiosamente em Belo Horizonte. Ainda assim, muitos trabalhadores foram para a porta do Ministério Público do Trabalho acompanhar a comissão do Sindicato.

Os patrões tiveram que ceder.

Nova assembléia foi convocada, dessa vez, para que os trabalhadores avaliassem os termos do acordo.

Ponto por ponto foi explicado no prédio lotado pelos operários vitoriosos:

• Manutenção do fornecimento de cesta básica. Através da Abra-cestas (cesta padronizada, com produtos de qualidade) ou a empresa terá que fornecê-las nos termos da convenção atual.

O fornecimento da cesta é obrigatório e não poderá haver descontos do valor delas em caso de faltas.

• Reajuste salarial de 6%, retroativo a 1º de novembro (nossa data-base).

Não haverá desconto dos dias de greve. As empresas têm que pagar integralmente o salário relativo a dezembro de 2006 e os outros benefícios (13º, etc.)

O salário de dezembro tem que ser reajustado e pago junto com a diferença do salário de novembro.

• Possibilidade de compensação dos oito dias parados, somente em janeiro de 2007 (de 01 de janeiro a 31 de janeiro de 2007), sendo:

Meia hora de segunda à sexta-feira;

Em caso de acordo entre trabalhador e empresa, compensação no sábado, mas computada em dobro (porque o sábado já é pago na semana).

Não será permitido nenhum desconto de período não compensado no caso de demissão do trabalhador.

• Seguro de vida — benefícios reconquistados para esposa e filhos. •Manutenção de toda as outras cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho.

— Companheiros, a proposta é clara. Temos 9 dias de vitoriosa paralisação. Nossa luta e nossa organização conquistou uma série de direitos, nosso caminho é manter e elevar a organização para conquistarmos mais — Osmir Venutto prosseguiu organizando a votação.

— Os companheiros que estão de acordo com estes pontos e aprovam o acordo, que ergam as mãos!

A Assembléia aprovou por unanimidade todos os pontos do acordo. Terminava a combativa greve dos operários da construção de Belo Horizonte e Região.

A grande causa

— Somente a luta classista não solucionará o problema dos trabalhadores. Recentemente tive a oportunidade de visitar o Norte de Minas onde participei de atividades com a Liga dos Camponeses Pobres. Lá, pude ver que o latifundiário que expulsa o camponês da terra é o mesmo que financia a farsa das eleições. Pedem leis mais severas contra o povo, mas seguem impunes quando roubam bilhões. Temos necessidade de prosseguir com a nossa luta e com o apoio à luta camponesa, como fizemos na construção da Ponte da Aliança Operário-Camponesa. Temos de expandir nossa luta além dos limites dos direitos trabalhistas, com suas reivindicações econômicas, mas lutar pela completa libertação dos trabalhadores. A luta pelos nossos direitos faz parte desta causa geral de interesse de todos os explorados, de todo o povo trabalhador.

Assim expôs José Wilson, ativista do Marreta, em um depoimento claro e contundente da compreensão do sindicato sobre a greve.

Antigas lições

A ebulição que tomou conta dos canteiros de obras da capital mineira reaqueceu o ímpeto de luta da classe, fez surgir novos ativistas, provocou a adesão de uma nova legião de associados ao Sindicato. Os operários retomaram o trabalho de cabeça erguida, confiantes em sua organização, certos de que assim que tiverem seus direitos atacados, retomarão a luta com redobrada decisão.

A greve dos trabalhadores da construção de Belo Horizonte e Região permitiu que todos percebessem de forma clara o que um clássico da literatura operária internacional apontara, já em 1899, em Sobre as Greves, um artigo de Lênin:

A greve ensina os operários a compreenderem onde repousa a força dos patrões e onde a dos operários, ensina a pensarem não só em seu patrão e em seus companheiros mais próximos, mas em todos os patrões, em toda a classe capitalista e em toda a classe operária. Quando um patrão que acumulou milhões às custas do trabalho de várias gerações de operários não concede o mais modesto aumento de salário e inclusive tenta reduzi-lo ainda mais e, no caso de os operários oferecerem resistência, põe na rua milhares de famílias famintas, então os operários vêem com clareza que toda a classe capitalista é inimiga de toda a classe operária e que os operários só podem confiar em si mesmos e na sua união. Acontece muitas vezes que um patrão procura enganar, a todo custo, os operários, a apresentar-se diante deles como um benfeitor, encobrir a exploração de seus operários com uma dádiva insignificante qualquer, com qualquer promessa falaciosa. Cada greve sempre destrói de imediato este engano, mostrando aos operários que seu ‘benfeitor’ é um lobo com pele de cordeiro.

Na manhã do dia 16 ligamos o rádio. Os acordes da Internacional abriam o programa ‘A voz da classe operária’, transmitido pela Rádio Favela. Presentes, a diretoria do Sindicato e os representantes do departamento jurídico do Marreta saudaram a combatividade dos operários na sua vitoriosa greve. Pelo telefone, vários trabalhadores parabenizaram o Sindicato enquanto faziam novas denúncias de exploração nos canteiros de obra.

O presidente do Sindicato, Osmir Venuto, encerra o programa:

— Agradecemos o apoio e a dedicação de todos os companheiros e funcionários do Sin dicato que, dia e noite, construíram essa nossa greve vitoriosa. Vencemos uma batalha, apenas. Muitas outras virão pela frente. Que venham, porque responderemos com o ânimo da classe operária de nosso país que se redobra a cada dia. Saudações a todos os companheiros!


*Lênin: Sobre as Greves

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