30 de Julho: Dia do Trabalhador da Construção de Belo Horizonte

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30 de julho é o dia da deflagração da Grande Greve dos operários da construção de BH em 1979. Nesse dia, em um grande protesto, o companheiro Orocílio Martins Gonçalves (foto), tratorista, herói da classe, foi assassinado pela PM. É importante que todos os trabalhadores e trabalhadoras conheçam sua história, se orgulhem dela e defendam seu legado.

 

Recordamos o 30 de julho de 1979 em tempos de grave crise e pandemia. No momento em que escrevemos esse boletim especial pelo Dia do Trabalhador da Construção de Belo Horizonte, beiramos os 2,5 milhões de infectados pela COVID-19 no país e as 90 mil mortes. É um verdadeiro genocídio, principalmente entre os pobres.
O povo está cansado de ser enganado pelo discurso mentiroso dos governos, do isolamento forçado que as classes dominantes querem impor a milhões de trabalhadores depois de 5 meses dos mais absurdos crimes. Para salvar os patrões, grandes burgueses e latifundiários, cometem os mais atrozes crimes trabalhistas, suspendem contratos, reduzem salários, demitem em massa. A construção civil foi decretada “serviço essencial” e os trabalhadores são submetidos a péssimos e lotados transportes, obras insalubres que são verdadeiros canteiros de contágio pelo novo coronavírus.
A revolta do povo é crescente contra a enrolação do “auxílio emergencial” que além de insuficiente, não chega para grande parte das pessoas. Está faltando comida para milhões de famílias!
E depois de tantos meses e sacrifício do povo, cadê o hospital de campanha? Cadê o auxílio emergencial e o auxílio às pequenas empresas? Cadê a testagem em massa da população?
O povo está se levantando e manifestando no Brasil e em todo mundo contra toda essa podridão, está se organizando em comitês sanitários de defesa popular, está exigindo testes em massa.
Celebramos o Dia do Trabalhador da Construção de Belo Horizonte destacando que naqueles tempos sombrios do regime militar-fascista, a classe operária se levantou e varreu tudo que estava em seu caminho para erguer alto a bandeira da defesa dos seus direitos e mostrou o caminho da organização e luta. É assim que enfrentaremos essa pandemia: Mobilizados, organizados e com luta.
Saudamos os mais de 140 mil trabalhadores da base do MARRETA pelo seu dia e fazemos o chamado para nos unirmos com o sindicato, resistirmos, persistirmos juntos no caminho da luta classista e combativa.

Viva o Dia do Trabalhdor da Construção!
Companheiro Orocílio: presente na luta!
Viva a luta classista e combativa!

 

Viva o Dia do Trabalhador da Construção de BH!

No dia 30 de julho de 1979, a Grande Greve dos operários da construção foi deflagrada em Belo Horizonte e estremeceu os alicerces da cidade. Nada mais seria como antes.
Todas as obras pararam, o comércio fechou as portas, os patrões tremeram e as tropas do regime militar corriam feito baratas tontas pelas ruas tentando reprimir a multidão de operários que protestava nas ruas do centro da capital.
A cidade estava fervendo em lutas! Os professores e os motoristas de ônibus realizaram grandes greves nesse período. Em Betim, uma grande greve parou a FIAT. Em Contagem os metalúrgicos realizaram uma greve histórica e vitoriosa com a ocupação da Mannesman, arrancando 20% de reajuste. Essa greve levantou alto a bandeira da liberdade aos presos políticos e o fim do regime militar-fascista, animando e servindo de exemplo às demais categorias de trabalhadores.
Ainda no primeiro dia de greve, em 30 de julho, ocorreu um grande enfrentamento entre os operários e a polícia em frente ao antigo campo do Atlético Mineiro (onde atualmente é o Shopping Diamond). Os operários puseram a PM pra correr com uma chuva de pedras e, na retirada, os policiais dispararam em direção da multidão assassinando o companheiro Orocílio Martins Gonçalves com um tiro no peito. Orocílio era tratorista e trabalhava em uma empreiteira que prestava serviço a Mannesman.

Esse covarde assassinato foi como um balde de gasolina para a fúria operária que se levantou em uma grande fogueira.
A população apoiou os protestos aplaudindo das janelas quando a massa de operários cruzava as ruas agitando as palavras de ordem “QUEREMOS SALÁRIO PARA ACABAR COM A FOME”, “INTERVENÇÃO DA POLÍCIA MATA TRABALHADOR”, “NÓS CONSTRÓI, NÓ DESTRÓI!” e “ABAIXO A DITADURA!” e “SE O SALÁRIO NÃO SUBIR NINGUÉM VAI CONSTRUIR!”.
A greve durou 5 dias e correu como rastilho de pólvora e, em várias cidades do interior, a revolta operária tomou as ruas em defesa de melhores condições de trabalho e de salário. Em Ouro Branco os mais de 14 mil operários que estavam construindo a Açominas, pararam as principais empresas de construção até que suas reivindicações fossem atendidas.
Tamanha foi a surra que o regime militar e os patrões levaram nessa greve, que utilizaram até mesmo de seu agente pelego-mor, Luiz Inácio Lula da Silva, para tentar acabar com o movimento. Mas nem a força combinada de patrões, repressão e pelegos pôde deter a luta combativa da classe.
Foi o grupo MARRETA, formado pelos companheiros mais combativos da classe, e que depois iria expulsar os pelegos e liderar a retomada do sindicato pela categoria em 1988, que levantou e defendeu a linha classista nessa greve e nas lutas futuras.
A Grande Greve de 1979 foi uma escola para as gerações que surgiram a partir dessa batalha. Milhares de operários mobilizaram-se, participaram em massa das assembleias, derrotaram as posições pelegas e conciliadoras, enxotaram aqueles que queriam vender a greve, derrotaram várias vezes as forças de repressão do regime militar.
Essas lutas e as que seguiram, forjaram os companheiros e companheiras que seguem lutando para defender e aplicar os princípios da luta classista e combativa, combatendo a patronal e o oportunismo no movimento sindical e no seio do próprio sindicato, expulsando os que se deixam corromper pelos patrões e oportunismo eleitoreiro, sem nunca abandonar as massas, nas vitórias ou nas derrotas momentâneas.
Nesse momento em que a classe operária sofre duros ataques com as “reformas” e todo tipo de medidas antipovo que só aprofundam o desemprego e a miséria, devemos mirar o exemplo da Grande Greve de 1979 e erguer com orgulho e ainda mais alta a bandeira do MARRETA.
Os canteiros de obras estão fervilhando em revolta e a pandemia da COVID-19 piora ainda mais as condições para a classe. Os governos, que decretaram a construção como “essencial” para manter os lucros dos patrões querem manter a produção às custas da saúde e da vida dos operários.
No dia 30 de julho, convocamos os trabalhadores para que se mobilizem. Exijam testes em massa para os trabalhadores em todos os canteiros de obras! Exijam garantias para a saúde e vida dos trabalhadores e de suas famílias.
Protestem contra os péssimos e lotados transportes públicos! Exijam melhores salários e condições de trabalho! E que as obras que não cumprirem todas as obrigações e normas sanitárias parem sem prejuízo aos trabalhadores com pagamento integral dos salários pelo governo e patrões!

 

Enfrentar a Covid-19 com organização e luta!

É um absurdo o que estamos acompanhando mundo afora desde o início da pandemia. Mais de 15 milhões de pessoas já foram infectadas e mais de 650 mil mortas. É um verdadeiro genocídio! Só no Brasil são quase 90 mil mortes e esses números enganam, porque grande parte das mortes não é notificada ou é registrada como “Síndrome Respiratória Grave”.
E o governo, ao invés de aumentar os investimentos em saúde, baixou decretos de cortes de direitos e salários, demissões. Decretou a construção civil como “atividade essencial” para obrigar operários a trabalhar sem segurança e expostos a contágio e mortes.
Prédios de luxo estão sendo levantados e as construtoras estão funcionando a todo vapor e não param de pipocar denúncias de trabalhadores doentes e direitos sendo descumpridos.
O Marreta está tomando todas as medidas para que as empresas cumpram com os protocolos de higiene e saúde do trabalhador. Não vamos aceitar desculpas! Companheiros e companheiras, fiquem atentos e mobilizados.
Ou os patrões cumprem os protocolos de segurança, ou as obras vão parar! VAMOS À LUTA!!!

 

Fortalecer o Marreta, para enfrentar a crise!

Desde 2017 o Imposto Sindical (cortado pela “reforma”) não é repassado e as empresas jogam pesado para o trabalhador não contribuir com o seu Sindicato.
Muitos companheiros têm mantido a nossa luta de pé com suas contribuições, mas ainda há os que caem no “canto da sereia” e acreditam que contribuir com a luta não é necessário, o que é um grande erro, pois enquanto os patrões estão sendo beneficiados pelo governo e continuam lucrando, os trabalhadores são alvos de ataques sem parar.
Querem destruir a organização da classe e para isso assediam e obrigam os trabalhadores a apresentarem carta de renúncia a contribuição sindical.
Companheiros, nós do MARRETA temos dado duro para manter os direitos da categoria e temos defendido a classe com todo o vigor e muito trabalho.
Chamamos todos os trabalhadores para apoiarem e contribuirem. Não aceite as pressões do patrão e dos seus puxa-sacos! Sindicato forte é o que tem a participação dos trabalhadores se associando em massa e contribuindo com a luta. Participe dessa campanha!

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