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Marreta e familiares parou obra e realiza protesto contra impunidade pela morte de 4 operários

Marreta e familiares parou obra e realiza protesto contra impunidade pela morte de 4 operários

Reproduzimos abaixo matéria públicada no jornal A Nova Democracia sobre manifestação realizada pelo Marreta junto a familia da engenheira Juliana que faleceu em um assassinato premeditado na obra do supermercado Verdemar. Leia também diretamente no site do AND.

Na manhã da última quinta-feira (17/10) o Sindicato dos Trabalhadores nas Industrías da Construção Civil de BH e região (Marreta) junto a família da engenheira Juliana que foi assassinada na obra, realizaram um ato que parou a obra do Supermercado Verdemar no luxuoso bairro Belvedere. O ato ocorreu a partir das 6h para denúnciar o descaso ao se completar um ano de impunidade com o assassinato premeditado da engenheira e dos 3 operários Roberto Mauro Silva, Zacarias Evangelista Fonseca e Rafael Pereira Barbosa na obra do Supermercado Verdemar.

Os manifestantes, ativistas e familiares chegaram às 6h00 da manhã, fechando os portões da entrada da obra e explicando aos operários os motivos para realizar o piquete. Foram levados panfletos, denunciando o crime e explicando 1 ano de luta por justiça pela engenheira Juliana Angélica Menezes Veloso de 30 anos, Roberto Mauro Silva, de 57; Zacarias Evangelista Fonseca, de 58; e Rafael Pereira Barbosa, de 34, que foram vítimas do descaso e omissão, causando o assassinato  dos quatro trabalhadores na obra de mais uma nova unidade do  supermercado Verdemar. Além das quatro vítimas fatais, teve o caso de Igor Alves, de 24 anos, que fraturou o fêmur, tendo que passar por diversas cirurgias, mas sobreviveu, para testemunhar o descaso.

O Sindicato Marreta esteve presente dando apoio e suporte a família da engenheira que junto organizou e compareceu ao ato. Em uma das cenas é possível perceber a dor e o desespero de uma mãe que perdeu sua filha ainda na flor da idade. Dona Kátia, mãe de Juliana, engenheira que sofria assédio moral e desviou de função, em prantos estapeia o carro do mestre de obras atirando varios panfletos nele, antes pregou no para-brisa alguns com a imagem de sua filha e dos três operários. O mestre de obras foi responsável por ordenar que Juliana e os 4 operários seguissem o serviço mesmo com o perigo iminente, denunciado pelos trabalhadores, o mestre-de-obras permitiu que seguissem, causando o desabamento.

A família de Juliana, vítima desse crime de omissão e negligência, desde o ocorido, procura por justiça e reparação, que a família, principalmente a mãe dona Kátia, a Irmã Jaqueline e o Marido Caio, não tem descansado, em busca de justiça. Em combate direto, tentam desmascarar o supermercado Verdemar e a construtora KAENG, que divulgam mentiras através de notas pagas no monopólio de imprensa. Relatam que, pelo contrário, “o que há é muita decepção e falta de informações, mesmo após a divulgação do laudo pelo Ministério do Trabalho.”

Os operários responderam de prontidão com a mais alta solidariedade, sentando e escutando as intervenções do Sindicato Marreta junto aos familiares. O responsável da obra, o mesmo que esteve responsável quando ocorreu o assassinato, ao chegar na obra fora rechaçado pelas massas e familiares, que denunciaram amplamente seu descaso e cumplicidade com o crime.

Mãe desfere seu ódio a um dos responsáveis indiciados pelo Ministério do trabalho

Após as intervenções, mesmo com investidas da polícia, a juventude de forma combativa jogou tinta vermelha nos muros da obra, sendo pichado no muro do canteiro os dizeres “Kaeng e Verdemar, Assassinos!”. Os manifestantes corresponderam com a ação, espalhando a tinta vermelha nas paredes, colando as fotos das vítimas com a tinta vermelha, representando o sangue.

Ao final da manifestação, os operários não arredaram o pé, por solidariedade ampla às vítimas. Alguns foram para casa, outros permaneceram na frente da obra, conversando com os manifestantes e tomando parte da luta, debatendo sobre a jornada de lutas na data-base da categoria em curso e sobre a necessidade de aumentar na organização.

Sobre o crime que ceifou a vida de 4 pessoas, o jovem Igor Alves de 24 anos, única vítima não-fatal do crime, ao testemunhar afirmou: “Isso podia ter sido evitado. Infelizmente pro encarregado não existe segurança. Nós falamos que estava perigoso, nós alertamos o técnico em segurança. Agora eu espero justiça!”

Sobre o assassinato

No dia 17 de outubro de 2023, a engenheira e 3 operários foram soterrados no canteiro de obras da construção de uma nova loja do Supermercado Verdemar, localizada no Bairro Belvedere, em Belo Horizonte. “Acidentes” dessa natureza têm acontecido com frequência devido à mudança das Normas Regulamentadoras – NRs e, principalmente, da negligência da falta de mapeamento de riscos por parte das construtoras, das quais não cumprem com as especificidades das normas. Em um boletim entregue aos transeuntes, o Marreta denuncia que as mortes ocorreram “por negligência às Normas Regulamentadoras – NR’s, ganância e abuso de autoridade.” O sindicato em nota da época do ocorrido afirma o seguinte:

“Hoje há obras, que sequer tem um técnico, ou engenheiro de segurança. Além do mais, há um longo período de seguidos sucateamento do Ministério do Trabalho e Emprego –MTE, que se mantém com um número irrisório para a fiscalização, somado com o enfraquecimento das entidades de classe, após a famigerada “reforma” trabalhista, as empresas deitam e rolam, desafiam a própria sorte, tocando obras, sem os devidos cumprimentos de normas essenciais à segurança, saúde e higiene do trabalho. Foram essas ‘mexida’ nas Normas que reduziu a segurança dos trabalhadores, pois segundo alguns reacionários como o ex-vice presidente general Mourão, que sem enxergar o oceano da complexidade, afirmou que ‘… temos algumas jabuticabas que a gente sabe que são mochilas nas costas de todo empresário.’, segundo sua afirmativa, que era referente à férias e o 13º, em seguida o presidente ataca as NRs e bastou isso, para fazer a roda da história voltar à década de 90 do século passado, onde os ‘acidentes’ eram uma constante e a construção civil uma máquina de moer gente.”

Durante cinco meses de investigação, foram apontados pelo Ministério do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (MTE) um laudo apontando um total de 73 autos de infração para as empresas envolvidas, são 14 para o Verdemar, 30 para a KAENG Construções Ltda, e 29 autos de infração contra a empresa Vila Belvedere Empreendimentos Imobiliários. Dos fatos mais absurdos, constam a generalização de vergalhões desprotegidos, ausência de afastamento da área de convivência (refeitório e vestiário) dos operários e o local do deslizamento, como também a ausência de escoramento da área que ocorreu o deslizamento.

Além da negligência com as NRs, questiona-se ainda a capacidade da construtora de assegurar a obra com todas as normas e todos os requerimentos para sua execução, uma vez que a obra teria o valor necessário de 50 milhões de reais, e como mostrado através de consulta na receita federal, o capital social da construtora sozinha é de apenas 50 mil reais, não condizente com o valor necessário para a realização da obra e pagamento de todos os funcionários.

Na manhã da última quinta-feira (17/10) o Sindicato dos Trabalhadores nas Industrías da Construção Civil de BH e região (Marreta) junto a família da engenheira Juliana que foi assassinada na obra, realizaram um ato que parou a obra do Supermercado Verdemar no luxuoso bairro Belvedere. O ato ocorreu a partir das 6h para denúnciar o descaso ao se completar um ano de impunidade com o assassinato premeditado da engenheira e dos 3 operários Roberto Mauro Silva, Zacarias Evangelista Fonseca e Rafael Pereira Barbosa na obra do Supermercado Verdemar.

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